Conforme
a Organização Mundial de Saúde, considera-se abortamento a interrupção da
gestação antes da vigésima/vigésima segunda semana ou quando peso fetal menor que
500g. É classificada como precoce quando ocorre no primeiro trimestre (até as
12 semanas) e tardia até a vigésima/vigésima segunda semana de gestação. É uma das complicações mais frequentes da
gravidez, com uma incidência entre 15% a 20% das gestações.
Não
existe um consenso quanto a definição de abortamento recorrente. O conceito
clássico é de quando há três ou mais perdas espontâneas sucessivas. Na prática assistencial, a ocorrência de duas
perdas nos permite pensar no diagnóstico e iniciar pesquisa. A incidência é cerca de 1% a 2% das mulheres.
Quanto maior o número de abortos e a idade materna, menor a chance de se
alcançar uma gestação viável. O risco de novo aborto chega a 40% após três
perdas sucessivas.
Sua etiologia é variável podendo ser
consequente à alteração genéticas, endócrinas, infecciosas, anatômicas e
imunológicas.
Causas
Genéticas
Alterações cromossômicas
Endócrinas
Defeitos da fase lútea
Diabetes mellitus (insulino-dependente e descompensada)
Doenças da tireoide
Síndrome de ovários policísticos (Resistência à insulina, hiperinsulinemia
e elevação do hormônio luteinizante)
Malformações uterinas (defeitos na fusão dos ductos de Müller)
Fatores imunológicos
Síndrome antifosfolípide
Histocompatibilidade entre o organismo materno e o companheiro.
Seus
sintomas são semelhantes os outros tipos de abortamento (inevitável,
incompleto.), com dores tipo cólicas em baixo ventre, as vezes com irradiação
para região lombar associado a sangramento vaginal.
O
diagnóstico pode ser realizado através do ultrassom transvaginal e
histeroscopia para identificar possíveis alterações estruturais no útero.
Avaliação genética do casal com cariotipagem. Realização de exames
laboratoriais para identificar doenças crônicas, infecções, pesquisa de
anticorpos, antígenos, fatores imunológicos e hormonais.
O tratamento será adequado a cada
causa determinante do abortamento recorrente. Em algumas situações os casais
precisam ter um atendimento e acompanhamento por especialidades médicas específicas
como hematologistas e geneticistas. Deve-se ainda levar em consideração a
grande necessidade de suporte psicológico pois a perda de uma gestação
representa uma experiência frustrante para o casal, com possíveis consequências
clinicas e psicológicas, especialmente quando recorrente.