ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA: É POSSÍVEL TRATAR!

ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA: É POSSÍVEL TRATAR!

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Especialista em Gastroenterologia Pediátrica fala sobre sintomas e tratamento da doença que pode surgir em bebês
Alergias alimentares são definidas como reações adversas reprodutíveis, desencadeadas pelo contato com proteínas consideradas alergênicas pelo sistema imunológico. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) constitui a alergia alimentar mais frequente em crianças com idade inferior a três anos e pode ocorrer mesmo nos lactentes em aleitamento materno exclusivo.
Os sintomas são inespecíficos, podendo variar desde cólicas, vômitos e diarreia, até proctocolite, dermatite atópica, broncoespasmo ou até anafilaxia. Na maioria das vezes o quadro é transitório, no entanto pode ser motivo de ansiedade e preocupação para os pais e, em alguns casos, para o pediatra.
Para diagnóstico, a história clínica tem papel fundamental. A avaliação crítica do mecanismo provável da alergia alimentar irá dirigir a solicitação de exames complementares, quando necessário. Frente a uma suspeita, recomenda-se dieta de exclusão, seguida por teste de provocação oral para confirmação do diagnóstico.
Em lactentes, deve-se priorizar a manutenção do aleitamento materno exclusivo até seis meses, com introdução da alimentação complementar posterior a esta idade. Nessas condições, caso seja identificada uma alergia alimentar, submete-se a mãe à dieta de exclusão do leite de vaca e seus derivados, com orientação nutricional adequada. Na impossibilidade do aleitamento materno, segundo todos os consensos, as fórmulas extensamente hidrolisadas são a primeira opção de tratamento. Caso não haja melhora clínica após duas semanas, o que pode ocorrer em 10% desses pacientes com APLV, recomenda-se a substituição por fórmula de aminoácidos.
Não são recomendadas fórmulas parcialmente hidrolisadas, por conterem proteínas intactas do leite de vaca e, portanto, potencial alergênico. Também não devem ser empregados para os lactentes os preparados à base de soja em apresentações líquidas ou em pó, por não atenderem recomendações nutricionais para a faixa etária e por não conterem proteínas isoladas e purificadas. Estudos mostram que 90% das crianças alérgicas à proteína do leite de vaca também apresentam uma reação alérgica aos leites de cabra, ovelha ou outros mamíferos, não havendo nenhuma vantagem em seu uso.
Se houver melhora com a dieta de exclusão, deve ser realizado o teste de provocação oral em quatro semanas. Cerca de 60% dos pacientes, já desenvolveram tolerância nesse período. Porém, se o resultado for positivo, a dieta de exclusão deve ser mantida por pelo menos seis meses.

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