BEBÊS PODEM TER INTOLERÂNCIA A LACTOSE?

BEBÊS PODEM TER INTOLERÂNCIA A LACTOSE?

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Primeiramente vamos entender o conceito: A lactose é o açúcar natural do leite, digerida no intestino pela enzima lactase. Quando o organismo não produz ou produz pouca quantidade dessa enzima, a lactose não é digerida, provocando sintomas como diarreia, flatulência, dor e distensão abdominal.
A não ser em casos raríssimos, todos nós nascemos com a capacidade de produzir lactase. O que acontece é que, em pessoas com predisposição genética, a lactase vai perdendo a função ao longo da vida, mas isso só se inicia após cerca dos 5 anos de idade, pois sua atividade atinge um pico no momento do nascimento. Esse é o tipo de intolerância a lactose primária e ocorre em até 70% da população.
A intolerância congênita é quando o bebê nasce sem produzir a lactose, mas é muito muito rara e muito muito grave! O bebê fica grave ainda na maternidade após as primeiras mamadas. Isso porque o leite materno apresenta lactose na sua composição, independente da dieta ou condição materna.
Então como tem bebês que melhoram com leite sem lactose?
Em bebês, o que pode acontecer é um outro tipo de intolerância a lactose, secundária a alguma lesão no intestino, como gastroenterite, doença celíaca, desnutrição ou alergias alimentares. Nesses casos, é uma situação temporária. Tratando a causa da lesão intestinal, a lactase volta a ser produzida normalmente.
Mas o teste genético deu positivo, e agora?
O teste genético para avaliar intolerância a lactose tem como objetivo identificar mutações em alguns genes que levam à redução da produção da enzima lactase. Atenção na hora de interpretar o resultado! Se o exame vem com resultado positivo, significa que há uma predisposição genética para esse bebê se tornar intolerante ao longo da vida, mas não que esteja intolerante no momento do exame. O teste correto para o diagnóstico nem ao menos se faz em bebês.
Além disso, importante citar que a lactose é uma importante fonte de energia e crescimento. Pode contribuir para formação de fezes mais amolecidas, reduzindo a chance de constipação; promoção do crescimento da flora bacteriana intestinal (prebiótico); ação facilitadora sobre absorção de cálcio e fósforo no intestino. Existem casos específicos nos quais a lactose pode causar problemas, mas são situações infrequentes no bebê e na criança pequena. Para quase todos os bebês ela será benéfica. Antes de iniciar uma dieta de restrição, procure um especialista para o diagnóstico correto, pelo risco também de deficiência de nutrientes.

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