ENDOMETRIOSE

ENDOMETRIOSE

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A endometriose é uma doença caracterizada pela existência de endométrio ( tecido que reveste a cavidade uterina) fora do útero. Quando isso ocorre, pode haver comprometimento de diversos tecidos e órgãos, entre os quais ovários, peritônio, ligamentos úterossacros (entre o útero e o reto), região retrocervical (atrás do colo do útero), septo retovaginal, reto/sigmoide, intestino delgado (íleo terminal), apêndice, bexiga e ureteres.

É uma doença ginecológica comum, atingindo entre 5% a 15% das mulheres no período reprodutivo e até 3% a 5% na fase pós-menopausa.
Hoje, a doença afeta cerca de seis milhões de brasileiras. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolvê-la e 30% tem chances de ficarem estéreis. Fatores de risco Uma mulher cuja mãe ou irmã tem endometriose apresenta seis vezes mais probabilidade de desenvolver endometriose do que as mulheres em geral.

Outros possíveis fatores de risco:

• Começar a menstruar muito cedo
• Nunca ter tido filhos
• Menstruações que duram muito, especialmente sete dias ou mais
• Problemas como hímen perfurado, que bloqueia a passagem do sangue da menstruação
• Anormalidades no útero.


Causas

Apesar do avanço no conhecimento dessa doença que muito nos instiga, atualmente nenhuma teoria consegue explicar todos os casos de endometriose.

Assim, existem diversas teorias associadas a mecanismos envolvidos na gênese da endometriose, como fatores imunológicos, genéticos e ambientais.

Quadro Clínico

A endometriose pode causar diversos sintomas, incluindo:
• Cólica menstrual de moderada a forte intensidade: é a queixa mais frequente. Muitas pacientes não conseguem trabalhar devido à intensidade das dores.
• Dor pélvica crônica: mesmo fora do período menstrual, levando à paciente usar analgésicos e anti-inflamatórios.
• Dor lombar: intensa durante a menstruação.
• Dor durante as relações sexuais (dispareunia): principalmente na penetração profunda. Pacientes com nódulos vaginais de endometriose podem ter sangramento durante e após as relações sexuais.
• Alterações intestinais cíclicas: durante o período menstrual, a mulher pode ter obstipação, diarreia, dor e vontade de evacuar com dificuldade, mesmo com intestino vazio. Pode causar até sangramento intestinal durante a evacuação.
• Alterações urinárias cíclicas: quando a endometriose acomete o sistema urinário (bexiga, uretra, ureteres, rins), causando aumento da frequência das micções, dor e, em casos mais profundos, sangramento ao urinar. Os sintomas são mais intensos durante a menstruação.
• Sangramento uterino anormal: principalmente como pequenos sangramentos no meio do ciclo (“spottings”) ou manchas pré-menstruais.
• Infertilidade Tipos de endometriose A endometriose pode ser classificada em 3 tipos:
• Peritoneal: é a mais superficial, com focos de lesões acometendo o peritônio.
• Ovariana: podem formar cistos com conteúdo marrom escuro (“achocolatados”), chamados de endometriomas.
• Profunda: quando as lesões infiltram os órgãos por mais de 5 mm. Podem formar verdadeiros nódulos atrás do colo do útero, vagina, ureteres, intestino, entre outros.


Diagnóstico

Para fazer o diagnóstico, a consulta com um ginecologista é fundamental. Durante a avaliação, dados clínicos, sinais e sintomas serão investigados, e deve ser feito um exame abdominal e pélvico, sempre que possível com um toque vaginal. Em alguns casos, o toque retal pode ser importante.

O médico pode complementar a consulta com exames, como:
• CA-125: marcador tumoral dosado no sangue. Quando elevado, pode sugerir endometriose, associado ao quadro clínico;
• Ressonância magnética de pelve;
• Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal;
• Colonoscopia;

Assim, a suspeita diagnóstica é sempre clínica, e a confirmação sempre cirúrgica, através da biópsia das lesões. O estudo anátomo-patológico deve evidenciar tecido endometriótico. A laparoscopia permite o diagnóstico e tratamento da endometriose, no mesmo ato cirúrgico.

Tratamento

Ainda não podemos afirmar que existe a cura definitiva para a endometriose. Contudo, existem vários tratamentos eficazes que melhoram a qualidade de vida, reduzem as dores e aumentam a fertilidade das mulheres que sofrem com a doença. Os sintomas álgicos podem ser aliviados de forma mais rápida com anti-inflamatórios não-hormonais (ibuprofeno, nimesulina, cetoprofeno, naproxeno etc), dipirona, paracetamol e opioides (tramadol, codeína).

Para o controle das lesões, podemos utilizar pílulas anticoncepcionais orais combinadas ou pílulas apenas de progestagênios (ex.: Cerazette®, Allurene®) e análogos do GnRH (Zoladex®, Lupron®, Gonapeptyl®), que são injeções subcutâneas que induzem uma “menopausa medicamentosa”, reduzindo os níveis de estradiol e melhorando os sintomas da endometriose.

O tratamento cirúrgico, através da videolaparoscopia, é atualmente indicada para mulheres que não melhoraram com o tratamento clínico, ou que tem sinais de endometriose profunda com acometimento sintomático de órgãos como bexiga e intestino.

Além disso, muitas pacientes com endometriose estão tentando engravidar e usar pílula anticoncepcional não é interessante, e a cirurgia pode ser uma boa opção.

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