Tenho certeza que, em algum momento da sua vida, você já escutou vozes dentro da sua cabeça. E que estas vozes guiaram o seu pensar, sentir e/ou o seu agir. Definitivamente isso não significa que você tenha algum transtorno psicológico ou que sejam frutos da sua imaginação. O método de análise psicológica e da teoria da personalidade chamada “Análise Transacional” (AT) entende que a nossa personalidade vai se moldando desde o nascimento, sendo formada por três instâncias distintas chamadas de Estados de Ego. São eles o Pai, o Adulto e a Criança. Estes Estados de Ego representam a organização psíquica do indivíduo e são eles que vão dar forma à nossa personalidade.
O estado de Ego Criança é o primeiro que nasce. Ele é responsável pelos nossos instintos, impulsos, imaginação, fantasias, sendo a parte mais autêntica e genuína do ser humano e também a mais reprimida pela criação e pela sociedade. Representado através das emoções sentidas, necessidades, vontades, desejos, ganhando forma através das experiências desde o nascimento, dos processos fisiológicos, da educação e do meio socioeconômico. É regido pelo sentir, onde as emoções predominam sobre o pensar. Positivamente representa a energia, as vontades e a espontaneidade. Negativamente pela impulsividade, imprudência, ilusão, egoísmo. Desequilibrado é um campo para vícios e dependências, sabotagens, ilusão, fantasia, procrastinação, entre tantas outras sabotagens.
O estado de Ego Adulto desenvolve-se através da aquisição e análise de informações e do contato objetivo com a realidade. É a razão em pessoa, afastando-se totalmente das influências sentimentais. Sua maior função é analisar, pensar, ser operacional, analítico, visualizar vários pontos de vista para tomar a decisão, a qual nunca é entendida como engessada ou inflexível. Foca no que está ocorrendo no momento presente, no aqui-agora, sendo lócus do autocontrole e da autodeterminação. Em excesso, a pessoa pode se tornar muito fria, calculista, robotizada, insensível, manipuladora.
E o estado de Ego Pai é formado de fora para dentro da pessoa, através da influência e poder dos pais ou cuidadores, criando um reservatório de modelos, conceitos, crenças, normas, valores, responsabilidade e deveres a “serem” seguidos. Quando desequilibrado, ele contamina a realidade e é preciso muito cuidado, pois é terreno fértil para autoritarismo, preconceitos, ideologias muito arraigadas e consequentemente fanatismos. Pode ser também incubador de infinitas culpas, proibições internas e necessidade de controle, deixando a pessoa levar uma vida como se tivesse com o freio de mão puxado. Assim como a falta dele, faz com que não se tenha objetivos ou mesmo que os tenha, faz com que não consiga executá-los.
Cada um destes estados de ego tem a hora certa de entrar em ação e resultam em consequências nocivas quando desequilibrados. Para se ter qualidade de vida é preciso que este aparelho psíquico seja assertivo e funcional.
Seu diálogo interno está equilibrado? Ou tem alguma voz gritando aí dentro? Algo te incomoda nesse texto? Se sim para alguma das perguntas acima, recomendo que você procure a ajuda de um psicoterapeuta.