SÍNDROME DE OVÁRIO POLICÍSTICO: CAUSA DE INFERTILIDADE

SÍNDROME DE OVÁRIO POLICÍSTICO: CAUSA DE INFERTILIDADE

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                                     SÍNDROME DE OVÁRIO POLICISTICO

Dr. Roberto C. M. Gallo

 

A Síndrome de Ovário Policístico (SOP) Foi descrita a primeira vez por Stein e Leventhal em 1935 , como uma síndrome que apresentava falta da menstruação,  crescimento aumentado do pelo, acne e obesidade além do achado de ovários policísticos.

 A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença complexa caracterizada também por alterações do ciclo menstrual predisposição ao diabetes tipo 2 e dificuldade de gravidez. O aumento da resistência á insulina e a obesidade são comuns em mulheres com SOP. Devido ao aumento do peso corporal principalmente em região abdominal, resistência à insulina e tolerância à glicose aumentada, essas mulheres possuem maiores níveis de androgênio (hormônio masculino).

È comum na mulher na fase reprodutiva, a sua prevalência é de 4 a 8%.  A causa principal é a resistência à insulina, presente em 60% a 80% dos casos. A obesidade é um fator agravante. A causa do hiperandrogenismo (aumento de hormônio masculino) acontece pelo estimulo aumentado do hormônio LH (Hormônio Luteinizante),  a falta de ovulação  leva a infertilidade  e os policistos aparecem pelo bloqueio do Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e aumento do Hormônio Anti-Mulleriano. (AMH) estes hormônios são a base dos exames para diagnosticar a Síndrome do ovário Policístico.

Antes os critérios diagnósticos se baseavam em achados histológicos e clínicos, e hoje se incorporou critérios bioquímicos e ultrassonográficos, e com isso dificultou a obtenção de um critério diagnóstico que fosse aceito universalmente. Hoje se tem a definição pela NIH em 1990, Consenso de Rotterdam em 2003 e AES em 2006, sociedades de Reprodução Assistida.

NIH: presença de 2 critérios: Disfunção menstrual, hiperandrogenemia e/ou hiperandrogenismo.

Consenso de Rotterdam: Presença de 2 critérios: disfunção menstrual, hiperandrogenemia e/ou hiperandrogenismo  e ovários policísticos.

AES: Disfunção menstrual e/ou ovários policísticos, hiperandrogenemia e/ou hiperandrogenismo, resistência insulínica.

HIPERANDROGENISMO: Inclui o hirsutismo (barba e aumento de pelo no corpo) , acne e alopecia (queda de cabelo) . O hirsutismo é reconhecidamente um sinal de excesso de androgênio (hormônio masculino) Acne aparece em apenas 20% das pacientes, e a alopécia aparece em 5% das pacientes e é considerado um sintoma fraco. .

HIPERANDROGENEMIA: Encontrado em 60 a 80% das pacientes com SOP e o principal marcador seria a testosterona livre aumentada. (Hormônio masculino)

DISFUNÇÃO MENSTRUAL: geralmente oligomenorréia (poucas menstruações) ou amenorreia (falta de menstruação há mais de 3 meses)  nas adolescentes 65% apresentam ciclos sem ovulação e alterações menstruais. Uma minoria das pacientes pode apresentar uma variante da síndrome caracterizada pela presença de ovulação.

OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Caracterizada pela presença de 12 ou mais folículos medindo de 2 a 9 mm e/ou aumento do volume ovariano > 10 cm. Feito este exame por ultrassonografia transvaginal.

Depois de diagnosticar SOP as pacientes são divididas em  dois grupos as pacientes com índice de massa corporal normal e as que apresentam obesidade, o tratamento leva em conta,  além da mudança dos hábitos de vida, como alimentação saudável, dieta com pouca gordura, atividades físicas diárias, etc. Muitas vezes há necessidade do uso de medicações para a melhora dessa situação clínica. Entre os medicamentos, o mais utilizado é a metformina (nome comercial –Glifage). A Metformina melhora os níveis de açúcar no sangue, regularizando-os, além de melhorar outro aspecto muito presente na Síndrome dos Ovários Policísticos que é o hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos) levando à aumento de pelos no corpo, acne e irregularidade na menstruação.

As dosagens são variadas, principalmente em relação ao peso do paciente e a idade, sendo que cada caso deve ser tratado de maneira individualizada.

Estudos tentam identificar compostos capazes de melhorar a qualidade dos óvulos. Hoje em dia contamos com uma nova medicação o mioinositol é uma substância mediadora de vários processos celulares, com efeito positivo no metabolismo das mulheres. Melhora os distúrbios metabólicos e hormonais nas pacientes com SOP, podendo regular o ciclo menstrual e melhorar a fertilidade. Recentes estudos têm mostrado que a suplementação com ácido fólico está relacionada a uma maior probabilidade de nascidos vivos entre mulheres submetidas a tratamento de reprodução assistida. 

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