Acompanhe as novidades e dicas de saúde e bem-estar
CRM/RS 41295 | RQE 34898
Escrevo com minha filha recém-nascida no colo, completamente enviesada pelo amor que todos os hormônios liberados nessa fase são capazes de gerar em uma mulher!
É notório que esse assunto pode ser muito polêmico, e de início já me vem à cabeça algumas amigas reclamando do dano que a romantização da gestação causou na percepção delas ao próprio momento, ou de quanto isso gerou expectativas que não foram concretizadas. No entanto proponho algumas reflexões que não podem ser ignoradas, pois eu realmente acredito que esse momento deve ser agraciado com palavras que tentem expressar sua importância e grandiosidade.
Começo dizendo que é óbvio que a gestação é difícil – ou deveria ser óbvio!
Esse é um momento no qual a mulher quase não se reconhece, tamanhas mudanças que ocorrem física e emocionalmente. A barriga aumenta, o seio pesa, sentimos o cansaço de um gasto energético absurdo, necessário para formar um novo ser, em um organismo que -frequentemente- já vem esgotado da rotina e das atividades diárias – tão inacreditavelmente exageradas na nossa atualidade. A fome aumenta, o sono também, a contraditória insônia aparece, e a nossa cabeça entra em pânico tentando organizar tudo antes que aquele serzinho chegue.
Ainda, é um momento no qual a mulher deixa de ser o que era antes e, de forma muito pouco sutil, descobre uma nova identidade, novas certezas, novos gostos, novas necessidades. Somos invadidas pelo medo de não dar conta, de não estar ali, e de não poder controlar! A vida se impõe, e ela é incerta. Então é claro que o novo pode ser muito assustador, trazer muita insegurança, e deixar muitas cicatrizes. Mudar não é fácil.
Mas é também aí que percebemos a beleza de tudo. É nesse momento que descobrimos nosso propósito e percebemos nossa importância. Gerar um novo ser, com toda sua complexidade é, sim, o trabalho mais digno e belo. Essas alterações profundas e sutis, de um fenômeno que transcende a mera biologia e se entrelaça com a alma feminina, renovam a vida! Gerar um novo ser beira a magia e nos aproxima do divino. Somos necessárias e insubstituíveis!
As transformações chegam cheias de significados e cada diferença percebida no corpo deveria ser recebida com muito carinho e amor, até com um misto de orgulho e surpresa por sermos capazes de realizar algo tão nobre em uma dança harmoniosa entre o físico e o emocional. Encarar essas mudanças com um olhar romântico, ajuda a destacar o lado poético e dar a devida importância à mulher, que generosamente transforma o seu próprio corpo em um templo de criação.
Além disso, a ideia de um novo ser que cresce e se desenvolve é, em si, fonte de inspiração, esperança e fé. A vida recomeça, ganha sentido, fica mais colorida, mais simples, divertida, e beira a plenitude.
Então romantizar a gestação não é menorizar todas as dificuldades que vem atreladas a ela, mas sim, exaltar esse momento único de renovação, e dar o devido valor ao preço que pagamos para vivenciá-lo.
Ou talvez seja a ocitocina!! Com carinho, para todas as mulheres!