Tão importante quanto adotar hábitos saudáveis de prevenção, o rastreamento do câncer cumpre um papel fundamental para o controle da doença
Estamos em 2019, avanços tecnológicos não param de surgir. Avanços estes em todas as áreas, incluindo medicina e tratamento do câncer. A informação também é de fácil acesso, e todos os dias recebemos notícias das novas descobertas que aumentam a sobrevida e qualidade de vida dos pacientes com câncer.
No entanto, em decorrência do nosso estilo de vida moderno - dieta, sedentarismo, exposição à poluição, vícios - a incidência do câncer continua a crescer e a mortalidade permanece elevada. É previsto que em 2020 teremos mais de 15 milhões de mortes decorrentes dessa enfermidade no mundo. O câncer ainda é uma doença que carrega um pesado estigma. Quando se fala em câncer, logo vem à mente uma pessoa debilitada, emagrecida e sem os cabelos. É visto como o algoz implacável, o pior de todos os males. Ainda assim, é de comum senso que o câncer é uma doença potencialmente curável, desde que descoberta em estágios iniciais. Para isso, dispomos de estratégias que são tão importantes quanto (ou mais) os avanços alcançados no tratamento. Essas estratégias incluem prevenção primária e rastreamento para detecção precoce. A prevenção primária inclui medidas para impedir o surgimento do câncer: como hábito alimentar saudável, exercício físico, evitar tabagismo e outros fatores de risco em geral. Por sua vez, o rastreamento consiste em fazermos testes e exames de rotina em pessoas saudáveis, com o objetivo de detectar a doença em fases precoces assintomáticas. Nestas fases é maior a chance de cura com tratamento cirúrgico definitivo, radioterapia, quimioterapia – isoladas ou não. Esta estratégia se aplica nos casos de:
Câncer de Colo Uterino
O rastreamento é realizado através do exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou), a fim de detectar células atípicas presentes em lesões precursoras do câncer. Deve ser iniciado aos 25 anos em mulheres que já iniciaram a vida sexual e, após 2 resultados negativos num intervalo de 1 ano entre eles, pode ser realizado a cada 3 anos. A partir dos 64 anos, após 2 exames negativos num período de até 5 anos, o rastreamento pode ser interrompido.
Câncer de mama
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda início do rastreamento aos 50 anos, com periodicidade bienal até os 69 anos completos. Entretanto, outras sociedades médicas recomendam início mais precoce, aos 40 anos, devendo ser feito exame anualmente até os 74 anos de idade.
Câncer de próstata
O rastreamento é feito com exame de sangue (PSA) e toque retal. Atualmente, é recomendado após os 50 anos, devendo ser feito até os 70 ou 75 anos. Em negros e pacientes com história familiar é recomendado o início aos 40 ou 45 anos.
Câncer de cólon
Pode ser realizado com pesquisa de sangue oculto nas fezes, por retossigmoidoscopia flexível e de preferência, por colonoscopia. A colonoscopia pode ser considerada o exame padrão ouro, pois avalia o cólon em todas as suas porções, além de permitir biópsia e a retirada de lesões pré-cancerígenas (pólipos), durante sua execução. O rastreamento deve iniciar aos 50 anos, e pode ser repetido a cada 5 anos se o resultado estiver normal.
Câncer de pulmão
Hoje temos uma estratégia com benefício de redução na mortalidade comprovado, por meio da Tomografia Computadorizada de Tórax de baixa dose. O rastreamento deve ser feito em pessoas com mais de 55 anos, tabagista ou ter parado de fumar há menos de 15 anos, história de tabagismo de no mínimo 30 anos-maço (por exemplo: um maço por dia por 30 anos, dois maços por dia por 15 anos).
Vale lembra que as recomendações devem ser individualizadas, podendo ser diferentes dependendo de história familiar, raça, presença de mutações conhecidas.
Os exames de rastreamento positivos deverão ser complementados com outros mais específicos e biópsia, que confirmarão o diagnóstico. Na sequência, um plano de tratamento será elaborado pelo cirurgião e pelo médico oncologista, visando a erradicação da neoplasia e uma vida longa livre da doença.