
TENHA A SANTA PACIÊNCIA

Sheila Leite
CRP 12/11480
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CRP 12/11480
Vivemos numa sociedade que busca constantemente aprovação, validação, aceitação. Isso se deve a uma necessidade remota do ser humano de pertencer à um grupo e de ser reconhecido por este.
Com medo de ser interpretada como um fracasso, imperfeita, inadequada ou passível de falha, a primeira reação da pessoa é de não querer enfrentar a vergonha. Ela prefere ser invisível, a se arriscar ser um possível alvo de críticas. Pelo medo de ser criticada, julgada, de se sentir constrangida ou mesmo de ser cancelada é que a pessoa tende a esconder do outro quem realmente ela é, o que pensa ou seu posicionamento, deixando de falar e agir. Esse não enfrentamento é que acaba amplificando a insegurança, rebaixando ainda mais a sua autoestima e reforçando o sentimento de incapacidade. A vergonha é uma experiencia subjetiva que quando sentida, a pessoa evita incessantemente entrar em contato com as emoções desagradáveis que ela traz.
Essa evitação emocional, ou seja, a evitação da emoção negativa, é um recurso que traz um alívio imediato, mas temporário. A longo prazo diminui as habilidades de enfrentamento, interferindo negativamente na sua habilidade social, na capacidade de lidar com as frustrações e de aprender com as experiências e erros.
A cultura do cancelamento, associado a preferência pelo modelo de interação social na forma digital e a própria pandemia podem ter contribuído com o aumento na procura por tratamento de vergonha e ansiedade social. Parece que o tão conhecido “errar é humano” foi substituído pelo “errar é imperdoável e passível de penalizações”.
É preciso enaltecer o erro como sendo o melhor ajustador de rotas, o qual aponta experiencias e novos caminhos. Antes de se julgar, se condenar, entenda o erro como um processo evolutivo e de aprendizado.
Aceite, acolha e ressignifique o desconforto emocional diante da vergonha como sendo um evento normal, que deve ser superado para um bem maior. Assim, a mente e corpo passarão a entender que você não está num perigo físico/psicológico real e então não irão se preparar para te defender desse perigo que não existe.
Quando aceitamos o desconforto e agimos apesar da presença dele, fazemos a vergonha perder o seu poder destrutivo sobre nossa autoconfiança. Mais que isso, não deixarmos na mão dos outros a valorização do nosso EU, da nossa capacidade. A pior de todas as desvalorizações é a desvalorização que é cometida contra nós próprios.
O que deve ficar gravado é que que toda forma de êxito é na verdade um erro que foi corrigido. Devemos desapegar da ideia de querer impressionar a todos, todo o momento e a todo custo. Precisamos admitir que somos pessoas falhas, que não agradamos gregos e troianos ao mesmo tempo e que estamos em constante evolução.
Espero ter ajudado com esse texto. Se você tiver dificuldade de superar a vergonha sozinho, procure a ajuda de um psicólogo.
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