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As dificuldades sensoriais são frequentemente associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas não são exclusivas desse diagnóstico. Crianças com outros quadros, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), altas habilidades, superdotação, prematuridade extrema, traumas, síndromes e paralisia cerebral também podem apresentar desafios sensoriais significativos. Esses distúrbios se manifestam de formas variadas, e a Terapia Ocupacional (TO), com foco na Integração Sensorial, desempenha um papel crucial.
As dificuldades sensoriais referem-se a problemas no processamento e organização dos estímulos sensoriais recebidos pelo corpo. O sistema nervoso central pode ter dificuldades em registrar, organizar e responder adequadamente aos estímulos sensoriais do ambiente, como sons, luzes, toques, cheiros e até mesmo a percepção de movimento. Essas dificuldades podem gerar reações desproporcionais aos estímulos. Crianças podem se mostrar excessivamente sensíveis a sons e luzes fortes ou, ao contrário, demonstrar uma aparente falta de resposta a estímulos que seriam normalmente percebidos por outras crianças. Muitas vezes, essas reações são mal interpretadas como comportamentais, quando na verdade são respostas a dificuldades no processamento sensorial.
A Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente, permitindo a organização do comportamento e o uso eficiente do corpo nas atividades cotidianas (Ayres, 2005). Integração sensorial é a teoria da relação entre cérebro e comportamento (Bundy et al., 2002). Essa teoria permite relacionar transtornos de percepção, organização e interpretação da informação sensorial interoceptiva e exteroceptiva, relacionando-os com dificuldades de aprendizagem e desempenhos ocupacionais ineficientes (Momo & Silvestre, 2011).
A Terapia Ocupacional, especialmente a abordagem de Integração Sensorial, é eficaz no tratamento das dificuldades sensoriais. Ela ajuda a criança a organizar e processar informações sensoriais, promovendo uma resposta mais adequada aos estímulos do ambiente. A Integração Sensorial envolve atividades estruturadas que estimulam diferentes sentidos (tato, visão, audição, paladar, olfato, propriocepção e equilíbrio), permitindo que a criança se acostume e reaja de forma adaptativa a esses estímulos. As intervenções são personalizadas conforme as necessidades de cada criança, considerando seu diagnóstico e as especificidades de suas dificuldades sensoriais. A Terapia Ocupacional não só auxilia na organização sensorial, mas também desenvolve habilidades motoras, cognitivas e sociais, melhorando a autonomia e qualidade de vida.
Embora frequentemente associadas ao autismo, as dificuldades sensoriais também ocorrem em outras condições. Crianças com TDAH, por exemplo, podem ter dificuldades na modulação sensorial, como a incapacidade de filtrar estímulos irrelevantes, afetando sua concentração e comportamento. Crianças com altas habilidades ou superdotação enfrentam desafios sensoriais devido à percepção aumentada, o que pode prejudicar a aprendizagem e interação social. Bebês prematuros podem ter dificuldades sensoriais devido à imaturidade do sistema nervoso. Crianças com paralisia cerebral também podem experimentar dificuldades sensoriais, com a desorganização da percepção sensorial devido às lesões neurológicas, afetando sua interação com o ambiente e complicando a execução de atividades diárias. Traumas vividos, como abusos, também afetam a capacidade de processar e reagir aos estímulos de forma equilibrada, assim como crianças com síndromes genéticas ou neurocognitivas.
O trabalho conjunto entre terapeuta ocupacional e família é fundamental para o sucesso do tratamento. Pais e responsáveis desempenham um papel ativo na aplicação das estratégias terapêuticas no cotidiano da criança. O terapeuta orienta as famílias a criar um ambiente sensorialmente amigável, ajustando a rotina e utilizando atividades que ajudem a criança a lidar melhor com os estímulos ao seu redor.
As dificuldades sensoriais são um aspecto importante a ser considerado em muitos diagnósticos e não se limitam ao autismo. Crianças com TDAH, altas habilidades, superdotação, prematuridade extrema, paralisia cerebral, traumas e síndromes também enfrentam desafios sensoriais. A Terapia Ocupacional, com foco na Integração Sensorial, oferece uma abordagem eficaz para ajudar as crianças a processar e responder aos estímulos de forma mais adaptativa. Por meio de uma abordagem personalizada e colaborativa com a família, a TO promove maior autonomia, melhorando a qualidade de vida e a interação social. Ao desmistificar as dificuldades sensoriais, podemos ajudar a criança a superar seus desafios, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e saudável.