
A fé ajuda na cura? O papel da espiritualidade na medicina moderna

Drª. Laís Cechinel
CRM/RS 40937 | RQE 36992
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CRM/RS 40937 | RQE 36992
Quem é meu paciente ja me ouviu falando sobre a metafora de dividir a vida em
“quadradinhos”, em como devemos colocar cada coisa em seu devido lugar, com sua
devida importancia, sem misturar as coisas em um “quadradão” só. Me refiro nela a
nossa estrutura pessoal, onde chamo carinhosamente de quadradinhos, que são o
trabalho, relacionamentos interpessoais, filhos, familia, projetos pessoais, o
quadradinho “da gente com a gente mesmo”, sabe?! E tantos outros. Onde relaciono
estes “quadradinhos” com os problemas cotidianos, como lidamos com eles e de que
forma um unico problema influencia na nossa estrutura toda. Temos a tendencia em
somatiza-los, tornando o tal problema maior do que ele realmente é e,
consequentemente, contaminado todos os outros “quadradinhos”.
Colocando cada coisa em seu lugar, desenvolvemos melhor a capacidade de deixar aquele problema do
tamanho que ele tem, muitas vezes grande, mas tornando-o assim, menos nebuloso e
mais facilmente resolvível. Desta forma, acabamos preservando o restante da nossa
estrutura psiquica e daqueles que estao ao nosso redor.
Hoje venho falar sobre este “quadradinho” tão importante da nossa vida que é o
trabalho e sobre esta tal sindrome de bournout, que tem acometido tantos
trabalhadores, sendo uma parcela consideravel das consultas no consultorio, e que tras
um sofrimento enorme para quem passa por ela.
O termo “burnout” era uma gíria usada, nos anos 60, por consumidores pesados de
drogas para se referir ao estado extremo e devastador do abuso crônico de drogas a
que alguns indivíduos chegavam.
Em 2019 foi definida pela OMS como uma síndrome resultante de um estresse crônico
que não foi de maneira eficiente manejado no ambiente ocupacional, não sendo
classificada como condição médica (doença).
Em 2021, bem recentemente, foi descrita como Sindrome de bournout, também
chamada de “síndrome do esgotamento profissional”, é um distúrbio emocional
acompanhado de sinais de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, gerado
por situações profissionais de trabalho intenso e desgastantes que envolvem grande
responsabilidade e competitividade. A principal causa do desencadeamento dessa
síndrome é o excesso de trabalho e responsabilidades.
Em 2022 a sindrome vira, verdadeiramente, uma doença e ganha um lugar no CID 11
(Classificação internacional de doenças), com codigo QD85. Sua etiologia é
multifatorial e pressupõe uma combinação de aspectos individuais associados às
condições e relações no trabalho.
Os sintomas do burnout incluem cansaço constante, irritabilidade, falta de
concentração, perda de interesse nas atividades profissionais, entre outros. Essa
condição pode impactar negativamente a qualidade de vida do indivíduo como um todo,
interferindo nas relações pessoais e na saúde física e mental. Ou seja, impactanto em
todos os nosos “quadradinhos”. Podem se expressar clinicamente em mais de 140 sintomas
Sintomas mentais:
dificuldade de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, negatividade constante, sentimentos de desesperança, sentimento de incompetência, isolamento social, sentimento de alienação, de solidão ou impotência, Impaciência, labilidade emocional, desânimo, disforia ou depressão, desconfiança/paranoia.
Sintomas fisicos:
cansaço excessivo, dor de cabeça frequente, alterações do apetite, insônia e dificuldade concentração, fadiga, pressão alta e alteração nos batimentos cardíacos, dores musculares, problemas gastrointestinais.
Comportamentais
negligência/escrúpulo excessivo,irritabilidade, incremento da agressividade, incapacidade para relaxar,
dificuldade na aceitação de mudanças, perda de iniciativa, aumento do consumo de substâncias,
comportamento de alto risco, Suicídio.
A síndrome de burnout deve ser reconhecida e tratada adequadamente. O psiquiatra e
o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e
orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso.
Medidas como a busca por ajuda profissional, a prática de atividades relaxantes e a
reavaliação do equilíbrio entre vida pessoal e profissional são essenciais para prevenir e
lidar com esse problema. O Trabalho é uma parte importante da nossa vida, mas não
deve ser, nem de longe , a unica a darmos atenção. Reorganize sua estrutura, repense,
priorize seu espaço pessoal e da sua familia, não deixe que um quadradinho
desfuncional adoeça sua estrutura toda.
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