O meu filho está com febre, doutor. E agora?

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Febre, portanto, não é uma doença que deve ser combatida. Ela nos mostra que algo não vai bem, servindo como um alarme, indicando que o organismo está iniciando uma reação de defesa contra fatores externos.
Febre é uma das principais razões de consultas em consultórios, pronto- -socorro e telefonemas fora de horário. Existem diversas definições de febre, mas devemos entender primeiro que a temperatura normal do nosso organismo varia entre 36,6 e 37,9 graus.
Em pediatria, a temperatura pode ser aferida de diferentes maneiras, sendo que a temperatura retal é a mais fidedigna. Podemos usar também a temperatura oral, axilar ou timpânica. Tendo definido o valor normal da temperatura corporal, febre é quando esse valor atinge ou ultrapassa 38 graus. A maioria dos processos febris é autolimitada, apesar da ansiedade que essa manifestação gera na família.
A febre ocorre por uma resposta do organismo a alguma injúria externa, que pode ser apenas o nascimento dos dentes (nesses casos não ultrapassa 38,4 graus), infecções virais ou bacterianas, doenças autoimunes ou metabólicas, reação a vacinas, anormalidades do Sistema Nervoso Central ou mesmo exposição a altas temperaturas no ambiente (dias quentes de verão ou excesso de roupas no inverno).
E a convulsão febril? Essa manifestação ocorre geralmente no início de uma doença febril, quando ocorre o aumento súbito da temperatura. Ocorre devido à imaturidade do sistema nervoso e são de curta duração. Acomete entre os 6 meses e os 5 anos de idade, sendo raras após essa idade. Devem ser avaliadas pelo neuropediatra, mas não necessitam de tratamento específico, apenas o controle rigoroso da temperatura e o tratamento adequado da condição que gerou a febre.
Meu filho está com febre, o que eu faço? Se você está em casa, mantenha o quarto da criança bem arejado e seu filho com roupas leve. Não utilize cobertores ou mantas para cobri-lo, isso manterá a temperatura elevada.
Ofereça bastante líquido para a criança, de preferência água, chás ou sucos naturais frios (gelados? Não, mas em temperatura ambiente). Evite leite, pode causar náuseas e vômitos. O bebê mama só ao seio materno? Mantenha o aleitamento materno normalmente, não ofereça outros líquidos.
Posso dar banho? Sim. Coloque a criança em uma banheira com água morna por cerca de 15 minutos, pois o resfriamento da água ajudará a diminuir a temperatura do corpo gradativamente. Não use álcool na água, pode ser prejudicial!
Quando devo medicar? Caso seu filho permaneça, após todas as tentativas anteriores, com temperatura superior a 38 graus, podemos usar antitérmicos (dipirona, paracetamol ou ibuprofeno, de acordo com a recomendação do pediatra).
O principal, em quadros febris agudos, é não entrar em pânico. Pode- se esperar um ou dois dias, controlando a temperatura em casa. Mas, se após esse período (ou antes, se aparecer algum sintoma, como tosse, vômitos, prostração ou a temida convulsão febril), a temperatura continuar alta, deve-se procurar o pediatra para que ele possa investigar a causa da febre.
Febre, portanto, não é uma doença que deve ser combatida. Ela nos mostra que algo não vai bem, servindo como um alarme, indicando que o organismo está iniciando uma reação de defesa contra fatores externos (bactéria, vírus, traumas, queimaduras) ou internos (ansiedade, angústias). Em vista disso, devemos encarar essa condição, não como uma reação indesejável, e sim como um sintoma útil para o reestabelecimento da saúde.
Fonte: Revista Saúde